14 de março de 2010

Tirando o pó

Pretendo voltar a atividade internética difusora de bits musicais e científicos em breve. Estou preparando alguns links para o próximo post.

Agora as poucas almas altruístas que volta e meia entram no blog não precisarão se deparar com a sórdida frase: "Você tem amusia?"

15 de julho de 2009

Você tem Amusia???

Depois de passar cerca de uma semana resfriado e com sinusite, meu ouvido esquerdo ficou bastante prejudicado - entupido. Como sou movido a música, decidi logo marcar uma consulta no otorrinolaringologista e me livrar do problema.

O que aconteceu, no entanto, é que após 2 dias de medicação e um exercício estranho que consiste em fechar as narinas e fazer pressão para que o ar chegue até o ouvido - produzindo bolhas que supostamente ajudariam a drenar minha infecção do ouvido esquerdo - eu percebi que estava escutando tudo desafinado.

ATERRORIZANTE!

Estava andando de carro com minha namorada pelo interior escutando o compositor espanhol de música flamenca Paco de Lucía, quando subitamente tive a sensação de que o cd estava "desafinado", lembrando um pouco uma fita K7 embolada, trancada. Achei muito estranho, mas pensei que podia ser algo relacionado a bateria do carro (medo da verdade).

Quando cheguei em casa tentei afinar meu violão e percebi que foi uma tarefa tão impossível quanto tocar qualquer uma das composições do Paco de Lucía para mim, embora esteja bem habituado a afinar de ouvido. E de fato, música erudita, especialmente violinos sem vibratos, parecem vir direto do inferno.

Meu médico falou que é um relato raro e provavelmente o problema ficou evidente devido a minha sensibilidade musical. Realmente não encontrei citações na internet diretamente relacionadas com o que venho passando.

Coincidentemente eu assisti há poucos dias o documentário Musical Minds da PBS (o qual pretendo postar aqui), que foi ao ar há pouco tempo na Inglaterra, que narra a história de savants musicais, aqueles que conseguem memorizar todas as notas de uma passagem musical escutando-a somente uma vez, e ainda reproduzir exatamente o mesmo trecho; e pessoas com Amusia, uma condição neurológica que faz Chopin soar como NX Zero e Wanderléia ao mesmo tempo!!!!

Lendo o livro do neurocientista Oliver Sacks "Alucinações Musicais", que é o principal alicerce do documentário supracitado, e pesquisando alguns artigos na internet, achei coisas muito interessantes.

O objetivo deste post é disponibilizar dois links relativos ao tema. O primeiro é uma pesquisa da Newcastle University que tem por objetivo principal analisar a percepção musical da população geral, e o segundo é pra avaliar como anda a sua acuidade auditiva.

Musical Listening Test


Hearing Test


Espero que atinjam bons resultados!

E brindem seus ouvidos afinados com boa música!
Enquanto isso, eu continuo com "The Best of Minha Cabeça", com o shuffle e repeat all ligados!

OBS.: Que fique claro que meu problema nada tem haver com Amusia, uma condição neurológica totalmente diferente dos meus obstáculos meramente físicos e auriculares.

11 de julho de 2009

Composição Neanderthal

Em uma tentaiva de recriar a atmosfera musical na qual nossos primos Homo neanderthalensis viviam, o Museu Nacional do País de Gales convidou o músico Simon Thorne para compor uma trilha sonora que tocaria durante a exibição da seção Paleolítica do museu, entitulada "Origins of Early Wales".

O Homo neanderthalensis viveu na mesma época em que nós, Homo sapiens, começavamos a migrar e conquistar novos territórios, mas foram extintos há cerca de 30.000 anos atrás devido a perda de habitat e competição ecológica com nossa espécie, que foi mais apta a sobrevivência - em grande parte por causa de nosso cérebro arrojado e capaz de realizar feitos incríveis.

Alguns estudiosos acreditam que talvez tenha ocorrido uma hibridização do H. sapiens com o H. neanderthalensis, todavia eu pessoalmente não conheço argumentos que sustentem tal teoria, também não sou nenhum expert no assunto.

Bom, o objetivo do post é disponibilizar o álbum feito por Simon Thorne em 2009, chamado Neanderthal. Garimpei um pouco mas achei um site escondido na Suíça que tinha o link do rapid share.

Sugiro a leitura dos links abaixo e, claro, o download.

Composer's Neanderthal recreation - BBC

Simon Thorne Music
National Museum Cardiff
Homo neanderthalensis
Download Neanderthal (Simon Thorne)

:o)

9 de junho de 2009

Quem é Arturo Márquez?

Arturo Márquez é um compositor mexicano que nasceu em Álamos, Sonora em 1950. Dentre os nove irmãos foi o único que se aventurou na música, com a qual teve contato ainda quando pequeno, assistindo a rodas cancioneras de músicas tradicionais e nativas das quais seu pai, de mesmo nome, participava. Passou seus primeiros 11 anos na cidade natal, "lleno de calles empedradas, casonas coloniales, portales, fariseos pascolas y fantasmas".

Com 16 anos de idade começou suas primeiras composições, logo após mudar-se para Los Angeles com a família, onde teve aulas de violino e piano.

Palavras dele mesmo: "Mi adolescencia se pasó escuchando a Javier Solís, sones de mariachi, los Beatles, Doors, Santana y Chopin".

Aos 18 anos voltou pra Sonora como diretor da banda municipal de Navojoa.

Em 1976 começou a estudar profundamente composição e estudou com Joaquín Gutiérrez Heras, Héctor Quintanar, Federico Ibarra e Raúl Pavón, periodo no qual teve forte contato com a música contemporânea e cubana.

Em 1982 foi à Paris, onde ganhou uma bolsa para estudar, começou as primeiras composições oficiais, "Moyolhuica y Enigma en la Cite des Arts. Gusto por Berio, Jaques Brel, vino, café y Cortazar".

Sua obra mais conhecida é Danzón 2, a qual escreveu durante janeiro e fevereiro de 1994, época na qual se erguia o movimento Zapatista que lhe dava esperança de justiça com os povos indígenas.

Conheci sua música através da magnífica interpretação da Orquestra Jovem Simón Bolívar da Venezuela, regida por Gustavo Dudamel.

http://www.arturomarquez.org/

BAIXE AQUI

6 de maio de 2009

Cientistas determinam estrutura de moléculas eficientes na captura de luz em bactérias verdes

Um grupo internacional de cientistas derterminou a estrutura molecular da clorofila que é responsável por capturar energia luminosa em bactérias verdes. Os resultados podem ser usados um dia para construir sistemas fotossinteticos artificiais, como aqueles que convertem energia solar em energia elétrica. O artigo foi publicado 4 de Maio de 2009 na PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Os cientistas descobriram que as clorofilas são altamente eficientes em capturar energia luminosa. "Nós descobrimos que a orientação molecular da clorofila faz com que as bactérias verdes sejam ótimas em capturar energia" disse Donald Bryant, Professor de Biotecnologia em Penn State e um dos líderes do grupo. De acordo com ele, bactérias verdes são um grupo de organismos que geralmente vive em ambientes com pouco recurso de luz, como regiões desprovidas de luz nas fontes quentes e profundidades de 100 metros no mar negro. A bactéria possui estruturas chamadas clorossomos, as quais contêm até 250.000 clorofilas. "A capacidade de capturar energia luminosa e rapidamente entregar onde é necessária é essencial para estes organismos, alguns dos quais têm contato apenas com poucos fótons por dia".

No estudo, devido as peculiaridades geométricas dos clorossomos, os pesquisadores precisaram usar técnicas de determinação estrutural bastante inovadoras. Normalmente para determinar estruturas, usa-se Raio-X de cristalografia, uma técninca que identifica o arranjo dos átomos e dá uma idéia do que fazer para tentar desenhar as moléculas. Contudo, cada clorossomo nas bacterias verdes tem uma organização única e diferente das demais, o que invalida a metodologia do raio-x de cristalografia.

O pesquisador usou exemplos excêntricos para nos dar uma visão:
"Clorossomos são como salsichas defumadas. Quando você corta essas salsichas, você vê diferentes padrões de carne e gordura; duas salsichas não são iguais em tamanho e conteúdo, embora haja alguma estrutura dentro. Clorossomos nas bactérias verdes são como essas salsichas, e a variabilidade de sua composição tem prevenido cientistas de usar raios-x de cristalografia para caracterizar a estrutura interna"


Sujeito excêntrico né?

Assim, eles tiveram que usar técnicas genéticas para criar bacterias mutantes que pudessem produzir estruturas mais regulares, cryomicroscopia eletrônica para identificar a maiori distância entre os limites dos clorossomos, espectroscopia com ressonância magnética nuclear para determinar a estrutura das clorofilas componentes do clorossomo, e modelagem computadorizada para juntar todos os dados e trazer a tona a imagem de um clorossomo.

Eles criaram mutantes para entender porque a estrutura da clorofila ficou mais complexa no passar do tempo evolutivo. Para criar o mutante, eles inativaram 3 genes que a bacteria adquiriu tardiamente na evolução. Os cientisas suspeitaram que estes genes tinham função na habilidade melhorada de capturar a energia luminosa. Eles descobriram que a bacteria mais evoluída, do tipo selvagem (com os 3 genes ativos), cresce mais rápido em todos niveis de intensidade de luz do que a forma mutante.

Os resultados revelaram que as moléculas individuais de clorofila estão arranjadas em dímeros - moléculas compostas de duas moléculas iguais - com longas caudas hidrofóbicas esticadas para fora de um dos lados, em disposição espiral helicoidal como nanotubos.

"Primeiramente parece ilógico que as bacterias verdes evoluíram de maneira que aumentassem a desordem geométrica estrutural dos clorossomos para melhorar a eficiência de captura de energia luminosa. A maioria das pessoas pensaria que algo que é muito mais ordenado, provavelmente funcionaria de maneira melhor. Mas é um caso onde claramente isto não é verdade. Se todas moléculas de clorofila são igualmente arranjadas em um clorossomo, então a energia de um fóton, uma vez absorvido, iria vaguear a tôa por todas clorofilas, o que poderia tomar muito tempo. Na bactéria verde selvagem, existe esses domínios diferentes onde as clorofilas estão alojadas e, por essa razão, a habilidade da energia do fóton migrar é restrita. Em outras palavras, a energia em um único fóton passa por um número menor de clorofilas, e isso é uma vantagem em organismos que vivem em ambientes com pouca luz e precisam de respostas rápidas nas áreas onde essa energia é necessária".

Bom, eu traduzi livremente o artigo, então sugiro que dêem uma olhada no link para ver as figuras e ler o estudo completinho.

http://www.science.psu.edu/alert/Bryant4-2009.htm


EDITED:

Putz! depois dessa "trabalhera" toda achei o resumão do artigo já traduzido...Ao menos exercitei meu pobre inglês.

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=descoberta-estrutura-de-moleculas-que-capturam-luz-do-sol&id=010115090505

30 de abril de 2009

Drª. Joan L. Robinson - não é Nostradamus, mas acerta em suas premonições

Pesquisando no universo internético sobre a gripe suína, lendo artigos e tudo mais, eis que me deparo com um achado importante para tentar melhor compreender o cenário atual.

No site ScienceDaily, o qual acesso diariamente, encontrei um artigo de uma pesquisa conduzida pela Drª. Joan L. Robinson, professora da Universidade de Alberta, Edmonton, Canada. O estudo foi realizado em fevereiro de 2008 e está entitulado da seguinte maneira:

Risco de Pandemia de Gripe: Gripe Suína Necessita de Monitoramento para Trabalhadores Rurais.


Ou seja, há cerca de 1 ano atrás já houve indícios, relatados pela cidadã já citada, de que deveria haver preocupação já que as cepas do vírus poderiam se adaptar em uma forma que resultasse na disseminação viral pelo contato humano-humano.

Ela ainda disse que "o reconhecimento prévio de que as cepas virais de origem suína estão se tornando mais virulentas (nocivas), pode promover a implementação de precauções ideais para controle de infecção de casos sintomáticos, e o desenvolvimento de vacinas".

No estudo, de 90 pessoas testadas, 54 apresentaram diagnóstico positivo para influenza pensada ser de origem suína. E de 10 porcos testados, um também estava infectado.

Isso nos remete mais uma vez a responsabilidade que devemos ter para exigir medidas preventivas por parte da comunidade.

Támbem selecionar nossos veículos informativos, afinal de contas, a gripe suína só é moda agora porque já fudeu meu irmão! Coisa típica da mídia sensacionalista, que nunca demonstra real interesse em informar e melhorar a qualidade de vida dos telespectadores.

Vejam só. A Ciência mais uma vez predizendo sem macumba, e tentando resolver sem reza, mas com informação e conhecimento.

Para trilha sonora meus amigos, recomendo o álbum de estréia da visceral banda Rage Against The Machine. Fui escutar esses dias para celebrar a liberdade de informação na internet após olhar o documentário "Roube este Filme", que conta um pouco sobre a revolução que está acontecendo.

Achei o link nesse SITE. É o primeiro álbum (1992).

Viva os Bits!

28 de abril de 2009

Gripe Suína: Evolução em Ação ou Castigo Divino?

Obviamente é a evolução em ação.

Decidi esclarecer possíveis dúvidas acerca dessa possível pandemia, afinal de contas, conhecimento é o melhor remédio, sempre.

Na verdade, vou disponibilizar links do fabuloso blog Rainha Vermelha, do Atila, um biólogo muito disposto a disseminar a informação.

Tudo que pensei em postar aqui ele já posto lá, direitinho.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A GRIPE SUÍNA


O QUE TORNA UM VÍRUS DA GRIPE MAIS LETAL DO QUE OUTROS


Me lembrei da hipótese de Stephen O'Brien sobre a possível razão de 1% da população européia ser, de certa forma, imune ao vírus do HIV. A teoria dele é fundamentada no fato de que a mutação que oferece resistência ao desenvolvimento dos sintomas do HIV na populalão européia teve origem a cerca de 700 anos atrás, concidindo com a época que a peste bubônica varreu 1/3 da população européia. O que aconteceu foi o seguinte, segundo O'Brien:

-A peste bubônica selecionou uma pequena população no norte da europa, os quais possuaim mutações que impossibilitaram a infecção nos glóbulos brancos;
-A população européia com maior resistência ao HIV situa-se justamente no norte da europa, região em que a peste bubonica atuou impiedosamente;
-Ele conclui que provavelmente o gene CCR5 mutado é o mesmo que impossibilita a entrada no vírus HIV nas células, 700 anos depois.

Concluindo mais uma vez que o sucesso passado da natureza permanece no nosso genoma, podendo ser útil em outro tempo-espaço.

Confira: http://www.pbs.org/wgbh/evolution/library/10/4/l_104_05.html

Isso tudo vêm a tona nesse momento de um "novo" processo evolutivo de seleção. Na maioria das vezes esquecemos, ou deixamos de sentir a seleção natural agindo sobre nós, hominídeos modernos.

Essa é a corrida armamentista evolutiva...Como diz o princípio da Rainha Vermelha, "você tem que correr o máximo possível pra permanecer onde está".

Será que teremos uma seleção positiva ou negativa sobre determinado alelo?

Só a evolução nos dirá...até que cheguem as vacinas.

Como disse Atila, "o maior problema de uma pandemia de gripe não é o número de mortos, ou pelo menos não se espera que seja (a gripe aviária mata mais da metade dos infectados). O maior agravante de uma pandemia é o impacto econômico e social de milhões de pessoas convalescidas, de cama, que deixam de trabalhar. Além do fechamento de locais de grande circulação e proibição de eventos que aglomerem muitas pessoas. "

Informe-se! Conhecimento é um importante elemento no seu sistema imunológico!